Ibid., p. 53
The Book of Disquiet
Original: A fraternidade tem subtilezas.
Fernando Pessoa Quotes
“It was just a moment, and I saw myself. Then I no longer could say what I was.”
Ibid., p. 66
The Book of Disquiet
Original: Foi só um momento, e vi-me. Depois já não sei sequer dizer o que fui.
Ibid., p. 150
The Book of Disquiet
Original: O homem perfeito do pagão era a perfeição do homem que há; o homem perfeito do cristão a perfeição do homem que não há; o homem perfeito do budista a perfeição de não haver homem.
“For I am the size of what I see
not my height's size.”
Attributed to the Caeiro alter ego, in A Factless Autobiography, Richard Zenith Edition, Lisbon, 2006, p. 71
The Book of Disquiet
Original: Porque eu sou do tamanho do que vejo
e não do tamanho da minha altura.
“My heart is a little larger than the entire universe.”
O meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.
"Saí do comboio" (4 July 1934), trans. Richard Zenith.
“To stagnate in the sun, goldenly, like an obscure lake surrounded by flowers.”
On a strictly intellectual life.
A Factless Autobiography, Richard Zenith Edition, Lisbon, 2006, p. 70
The Book of Disquiet
Original: Estagnar ao sol, douradamente, como um lago obscuro rodeado de flores.
“My joy is as painful as my pain.”
Ibid., p. 100
The Book of Disquiet
Original: A minha alegria é tão dolorosa como a minha dor.
“Irony is the first hint that consciousness became conscious.”
Ibid., p. 151
The Book of Disquiet
Original: A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente.
The Education of the Stoic: The Only Manuscript of the Baron of Teive, Exact Change, Cambridge, 2005, p. 5
The Education of the Stoic
Ibid., p. 238
The Book of Disquiet
Original: O olfacto é uma vista estranha. Evoca paisagens sentimentais por um desenhar súbito do subconsciente.
“To narrate is to create, for living is just being lived.”
Ibid.
The Book of Disquiet
Original: Narrar é criar, pois viver é apenas ser vivido.
Ibid., p. 50
The Book of Disquiet
Original: Um tédio que inclui a antecipação só de mais tédio; a pena, já, de amanhã ter pena de ter tido pena hoje.
Ibid., p. 45
The Book of Disquiet
Original: Há os que Deus mesmo explora, e são profetas e santos na vacuidade do mundo.
“What would happen to the world if we were human?”
Ibid., p. 259
The Book of Disquiet
Original: Que seria do mundo se fôssemos humanos?
“It's been a long time since I've been me.”
Ibid., p. 143
The Book of Disquiet
Original: Há muito tempo que não sou eu.
Ibid., p. 289
The Book of Disquiet
Original: Só a esterilidade é nobre e digna. Só o matar o que nunca foi é alto e perverso e absurdo.
“Contradiction is the essence of the universe.”
A essência do universo é a contradição.
"A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico", published in A Águia, Porto (September 1912)
“Destiny gave me only two things: a few accounting books and the gift of dreaming.”
Ibid.
The Book of Disquiet
Original: Duas coisas só me deu o Destino: uns livros de contabilidade e o dom de sonhar.
Ibid., p. 243
The Book of Disquiet
Original: É certo que, ao ouvir contar a qualquer destes indivíduos as suas maratonas sexuais, uma vaga suspeita nos invade, pela altura do sétimo desfloramento.
Poem "O das quinas", first couples.
Message
Original: Os Deuses vendem quando dão.
Compra-se a glória com desgraça.
Ai dos felizes, porque são
Só o que passa!
Ibid., p. 56
The Book of Disquiet
Original: Tenho neste momento tantos pensamentos fundamentais, tantas coisas verdadeiramente metafísicas para dizer, que me canso de repente, e decido não escrever mais, não pensar mais, mas deixar que a febre de dizer me dê sono, e eu faça festas, como a um gato, a tudo quanto poderia ter dito.
Introduction, tr. by Alfred Mac Adam
The Book of Disquiet
Ibid., p. 93
The Book of Disquiet
Original: Aquilo que, creio, produz em mim o sentimento profundo, em que vivo, de inconguência com os outros, é que a maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento.
“The consciousness of life's unconsciousness is intelligence's oldest tax.”
Ibid., p. 91
The Book of Disquiet
Original: A consciência da insonsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência.
“I'd like to be in the country so that I'd could like being in the city.”
Ibid., p. 367
The Book of Disquiet
Original: Gostava de estar no campo para poder gostar de estar na cidade.
Ibid., p. 201
The Book of Disquiet
Original: Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim?
“Property isn't theft: it's nothing.”
Ibid.
The Book of Disquiet
Original: A propriedade não é roubo: não é nada.
Ibid., p. 69
The Book of Disquiet
Original: Há um cansaço da inteligência abstracta, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como o cansaço do corpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento e da emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar da alma.
“I'm all those things, even though I don't want to, in the confuse depth of my fatal sensibility.”
Ibid., p. 58
The Book of Disquiet
Original: Sou todas essa coisas, embora o não queira, no fundo confuso da minha sensibilidade fatal.
Ibid., p. 124
The Book of Disquiet
Original: A sua cara lívida está de um verde falso e desnorteado. Noto-o, entre o ar difícil do peito, com a fraternidade de saber que também estarei assim.
Ibid., p. 140
The Book of Disquiet
Original: Busco-me e não me encontro. Pertenço a horas crisântemos, nítidas em alongamentos de jarros. Deus fez da minha alma uma coisa decorativa.
The Book of Disquiet
Original: "Qualquer estrada", disse Carlyle, "até esta estrada de Entepfuhl, te leva até ao fim do mundo". Mas a estrada de Entepfuhl, se for seguida toda, e até ao fim, volta a Entepfuhl; de modo que o Entepfuhl, onde já estávamo, é aquele mesmo fim do mundo que íamos buscar.
Ibid., p. 142
Ibid., p. 267
The Book of Disquiet
Original: Por enquanto, visto que vivemos em sociedade, o único dver dos superiores é reduzirem ao mínimo a sua participação na vida da tribo. Não ler jornais, ou lê-los só para saber o que de pouco importante ou curioso se passa.
[...] O supremo estado honroso para um homem superior é não saber quem é o chefe de Estado do seu país, ou se vive sob monarquia ou sob república.
Toda a sua atitude deve ser colocar-se a alma de modo que a passagem das coisas, dos acontecimentos não o incomode. Se o não fizer terá que se interessar pelos outros, para cuidar de si próprio.
“Life is a thread that someone entangled.”
Ibid.
The Book of Disquiet
Original: A vida é um novelo que alguém emaranhou.
“I pass times, I pass silences, formless worlds pass me by.”
Ibid., p. 60
The Book of Disquiet
Original: Paso tempos, passo silêncios, mudos sem forma passam por mim.
“Here lies, on the small farthest beach,
the Captain of the End.”
Poem "Bartolomeu Dias", verses 1-2
Message
Original: Jaz aqui, na pequena praia extrema,
o Capitão do Fim.
“The end is low, like all quantitative ends, personal or not, and it can be attained and verified.”
Ibid., p. 149
The Book of Disquiet
Original: O fim é baixo, comotodos os fins quantitativos, pessoais ou não, e é atingível e verificável.
“I exempt you of being present in my idea of you.”
Ibid., p. 290
The Book of Disquiet
Original: Dispenso-a de comparecer na minha ideia de si.
Ibid., p. 121
The Book of Disquiet
Original: O império supremo é o do Imperador que abdica de toda a vida normal, dos outros homens, em quem o cuidado da supremacia não pesa como um fardo de jóias.
Ibid., p. 218
The Book of Disquiet
Original: Ser major reformado parece-me uma coisa ideal. É pena não se poder ter sido eternamente apenas major reformado.
“I always live in the present. The future I can't know. The past I no longer have.”
Ibid., p. 118
The Book of Disquiet
Original: Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho.
“God gave the sea the danger and the abyss,
but it was in it that He mirrored the sky.”
Poem "Mar Português", Verses 11-12
Message
Original: Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
“When I write, I solemnly visit myself.”
Ibid., p. 287
The Book of Disquiet
Original: Quando escrevo, visito-me solenemente.
Ibid., p. 13
The Education of the Stoic
Ibid., p. 60
The Book of Disquiet
Original: O relógio da casa, lugar certo lá ao fundo das coisas, soa a meia hora seca e nula. Tudo é tanto, tudo é tão fundo, tudo é tão negro e frio!
Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
E tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.
Álvaro de Campos (heteronym), "A Frescura" (1929), in Fernando Pessoa & Co: Selected Poems, trans. Richard Zenith (Grove Press, 1998)
“Oh Portugal, today you are fog…
The Hour has come!”
Poem "Nevoeiro", verse 13-14
Message
Original: Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
“I don't write in Portuguese. I write myself.”
Ibid., p. 353
The Book of Disquiet
Original: Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo.
Ibid., p. 266
The Book of Disquiet
Original: Irrita-me a felicidade de todos estes homens que não sabem que são infelizes.[...] Por isto, contudo, amo-os a todos. Meus queridos vegetais!