Estranha gente, para quem é fora de dúvida que ninguém pode ser moral sem ler a Bíblia, ser forte sem jogar o críquete e ser gentleman sem ser inglês! E é isto que os torna detestados. Nunca se fundem, nunca se desinglesam.
"Os Ingleses no Egipto"; "The English in Egypt" pp. 159-60.
Cartas de Inglaterra (1879–82)
Quotes from book
Cartas de Inglaterra
Cartas de Inglaterra is a collection of journalism by the 19th-century Portuguese novelist Eça de Queiroz. He worked in the Portuguese consular service and was stationed at Newcastle upon Tyne from late 1874 until April 1879; from then until 1888 he was at Bristol. During this period he published O Primo Basílio and Os Maias , but he was also writing occasional London letters for the Lisbon daily newspaper Diário de Notícias. Some of these afterwards appeared in book form as Cartas de Inglaterra. The collection was published in English in 1970 as Letters from England with a translation by Ann Stevens.Six of the letters from this book were subsequently published, together with many other letters written by Eça when he lived in the United Kingdom, as Eça's English Letters, with additional translations by Alison Aiken.
O inglês cai sobre as ideias e as maneiras dos outros como uma massa de granito na água: e ali fica pesando, com a sua Bíblia, os seus clubes, os seus sports, os seus prejuízos, a sua etiqueta, o seu egoísmo – fazendo na circulação da vida alheia um incomodativo tropeço. É por isso que nos países onde vive há séculos é ele ainda o estrangeiro.
"Os Ingleses no Egipto"; "The English in Egypt" p. 160.
Cartas de Inglaterra (1879–82)
O esforço humano consegue, quando muito, converter um proletariado faminto numa burguesia farta; mas surge logo das entranhas da sociedade um proletariado pior. Jesus tinha razão: haverá sempre pobres entre nós. Donde se prova que esta humanidade é o maior erro que jamais Deus cometeu.
"O Natal"; "Christmas" pp. 36-7.
Cartas de Inglaterra (1879–82)
“The Englishman without his tea fights only half-heartedly.”
O Inglês, sem chá, bate-se frouxamente.
"Afeganistão e Irlanda"; "Afghanistan and Ireland" p. 58.
Cartas de Inglaterra (1879–82)
No entanto a Inglaterra goza por algum tempo a «grande vitória do Afeganistão» com a certeza de ter de recomeçar daqui a dez anos ou quinze anos; porque nem pode conquistar e anexar um vasto reino, que é grande como a França, nem pode consentir, colados à sua ilharga, uns poucos de milhões de homens fanáticos, batalhadores e hostis. A «política», portanto, é debilitá-los periodicamente, com uma invasão arruinadora. São as fortes necessidades de um grande império.
"Afeganistão e Irlanda"; "Afghanistan and Ireland" p. 60.
Cartas de Inglaterra (1879–82)
Talvez um dia, quando o socialismo for religião do Estado, se vejam em nichos de templo, com uma lamparina de frente, as imagens dos santos padres da revolução: Proudhon de óculos. Bakunine parecendo um urso sob as suas peles russas, Karl Marx apoiado ao cajado simbólico do pastor de almas tristes.
"Israelismo"; "Israelism" p. 50.
Cartas de Inglaterra (1879–82)
Jovens de letras, meus amigos, ponde vossos olhos neste exemplo de ouro! Sê prudente, mancebo; nunca, ao entrar na carreira literária, publiques poema ou novela sem a antecipada precaução de ter sido durante alguns anos – primeiro-ministro de Inglaterra!
"Israelismo"; "Israelism" p. 56.
Cartas de Inglaterra (1879–82)